Eu cresci sendo uma criança bem introvertida. Hoje em dia eu costumo falar bastante, eu sempre me justifico com uma brincadeira, falando que estou compensando meus anos de silêncio. Um hábito que nasceu dessa introspecção foi a leitura, e eu lia qualquer coisa que colocassem na minha mão: desde os gibis da Turma da Mônica, até clássicos da literatura brasileira, poesia, quadrinhos da Marvel e romances do Nicholas Sparks. As histórias desenvolvidas nas centenas de páginas que eu lia por ano, me davam o conforto e a companhia que eu precisava. Foi assim por muito tempo, e ficou ainda mais forte em 2020.
Durante o tempo que estive na Itália, principalmente dentro de casa, a minha vista diária era essa janela e meus livros. Nesse período eu li quase 3000 páginas de obras muito diversas da literatura italiana, mas foram as 398 de L’Isola di Arturo que me colocaram num lugar extremamente feliz, que eu não sabia que existia. Desde o começo da faculdade eu me apaixonei pela literatura italiana, começando por Pirandello e Svevo, mas foi com Elsa Morante que eu me descobri enquanto pesquisadora.
Por isso, eu dedico esse meu texto no nosso blog para ela, que deu sentido para aqueles dias terríveis em que eu estava trancada em casa, longe da minha família e em outro país. Eu me inspiro muito na pessoa que você foi e em tudo que você alcançou com seu esforço e brilhantismo. Elsa me mostrou uma literatura fantástica que me despertou a vontade de pesquisar e seguir descobrindo coisas novas todos os dias. Para Elsa, o meu muito obrigada.
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