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Foto do escritorRaquel Casini

Mães, mulheres e formações


Ciao, carissima persona che mi accompagna. Come stai?


“O primeiro livro que li inteiro em italiano foi escrito pela Elena Ferrante e assim também foram o segundo e o terceiro. Foi por meio das palavras dela que percebi que o italiano era uma língua que eu sabia, que eu conhecia bem. Sempre que sinto saudade dessa sensação da novidade que aquelas palavras me causaram eu procuro outro livro também escrito por ela e leio, sem compromisso, em busca de respostas a uma pergunta que não sei qual é. Quase todas as vezes em que isso aconteceu, a leitura ficava ecoando na minha memória e eu passava a revisitar o novo conhecido e não mais a série napoletana, minha primeira leitura em italiano.”

Esse é o início de um texto que escrevi sobre o livro A filha perdida, de Elena Ferrante, que tem como figura central uma mãe em uma certa crise existencial. Tem também um filme, feito pela Netflix, em que a Olivia Colman faz a protagonista, também recomendo tanto quanto o livro.

Mas o motivo pelo qual lembrei desse livro, e desse texto, está fora das páginas dos livros ou das cenas dos filmes. O motivo está nos detalhes da arrumação da casa, da escola, do cotidiano que passa e a gente mal se dá conta.

A Volare in italiano existe apenas porque minha mãe precisava de mim financeiramente logo que me formei e, como o que sabia era italiano, foi o que ensinei. Assim, sacrifícios dela não precisariam mais ser feitos com uma filha já adulta. O que não imaginávamos era a possibilidade de crescimento, voo alto e intenso em poucos anos.

E essas últimas semanas me dei conta de que deve ser uma dificuldade danada ser mãe, acolher pessoas em diferentes idades da vida, com diferentes questões, muitas vezes alheias ao que existe nas suas expectativas. E, apesar de tudo, continuar ali sempre, cheia de incertezas e afetos.

Essa semana soube que algumas pessoas pensam que a Volare in italiano é um negócio meu, uma construção minha e pautada nas minhas decisões e na minha ambição. E, na newsletter de hoje, gostaria de falar sobre isso, mas de um lugar muito mais profundo, porque a nossa Volare é uma construção coletiva, evidentemente.

Mas antes de ser, ela era um espaço meu e da minha mãe, tudo era feito na nossa cabeça e na nossa casa. As decisões iniciais eram pautadas na necessidade e na possibilidade de realizá-las e chegamos até quase três anos de escola nesse mês. Nesse mês também, eu chego a 26 anos de existência, que só foi possível graças à mamis, mas muito mais só foi possível graças a ela também.

Hoje, Rose é a minha maior fã e é também a pessoa que administra e possibilita a existência de muito mais do que eu mesma enquanto ser vivente nesse mundo. E eu tenho uma alegria enorme por isso.

Leio muita literatura italiana sobre maternidade e minha indicação de hoje é a Elena Ferrante, no livro A filha perdida, ou o filme de mesmo nome, disponível na Netflix. Embora essa protagonista seja uma mãe repleta de complexidades e incertezas, ela nunca deixou de ser mãe ou de fazer o que era possível ao ocupar esse papel.

Dia sim, dia também me dizem que é difícil e ruim conviver e trabalhar com família… Mas essa newsletter é sobre isso ser imprescindível nas bases da Volare in italiano.

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